Eu era só um estudante de História sonhando em
chutar o rabo do mundo e escrever meu próprio On the road. Ficava ali nas áreas
universitárias mangueando fanzines de poesia ruim pra tomar conhaque no buteco
da esquina, perdendo tempo e partidas de bilhar. De vez em quando me atracava
com alguma maluca que nunca leu Bukowski e tinha umas que frequentavam raves e
traziam psicotrópicos na bolsa. Não posso dizer que eu não me divertia e nem
deixar de dizer que às vezes me sentia um rato. Mas daí eu me apaixonei. Daí eu
me fodi e segui me apaixonando e me fodendo, lambendo as feridas e me
apaixonando e me fodendo mais uma vez até que as feridas foderam comigo de modo
que não pude mais seguir com aquilo. Talvez por isso os livros do Fante me
fazendo sangrar ouvindo Bêbados Habilidosos sozinho em quartos de república
enquanto os amigos festejavam na sala. Talvez por isso chutar o rabo do mundo
não parecesse mais algo tão difícil assim. Agora eu tinha uma história pra
contar.
A capa é do brother Van Jader lá de Dourados. Em
2008, quando terminei o livro (que é claro, tava longe de ser um On the road)
escrevi um projeto prum edital da Secretaria de Cultura e a coisa rolou. Eles
bancaram 500 cópias do livro. Cheguei pro Jader e mandei a ideia. Dias depois
ele me manda o arquivo e vejo que aquele personagem sou eu. Me constranjo um
bocado, depois piro na ideia. Quando fui editar meu segundo livro, cheguei pra
ele e mandei a ideia. Agora eu me queria bebendo num balcão de bar, no verso,
batendo a máquina na solidão do meu quartinho. Depois eu posto aqui.
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