sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A primeira vez que eu quis dançar - camila f.



Esse livro da Camila é pra quem já se fudeu com classe em algum momento lá atrás. Pra quem já teve uns vudus manipulados em prol de sua desgraça. E talvez por isso fumem demais e bebam demais e às vezes são acometidos pelo desejo de morrer de forma brutal. É um livro sobre essa mina que reza e pede em segredo “por um par de estacas no meio das coxas. Uma coisa meio cristo feminina, meio cool, meio escrota”. Mas que também se pega sorrindo pros cachorros da rua como se fossem bebês e em algum momento, enquanto o inferno cai sobre sua cabeça, pensa o quanto seria bacana comer um x-coração cheio de ervilha com o cara que ela ama, enquanto seus demônios lhe oferecem uma coroa de espinhos pra coroar seu útero seco e infrutífero como o lugar mais inóspito do universo. É essa mina assistindo um filme no Telecine Action quando o babaca liga na madruga gemendo carência. Ela desliga o telefone e mesmo pensando “baby, quando um filme de zumbi ruim é muito melhor que sua companhia, tá na hora de cê rever um bando de coisa”, quando tiver detonada no meio da noite, e o mesmo babaca aparecer, pagar uma dose, mesmo enojada talvez ainda tenha a mão do sujeito dentro de suas calcinhas e sinta algum tesão cuspindo e lambendo seu queixo com gosto de espuma de barbear. Esse livro da Camila é um livro sobre o amor, consequentemente sobre tristeza “aquele tipo de tristeza que tu sente quando dá boa-noite pro cara que cê ama e ele não responde”. Um livro pra quem já amou um dia. Pra quem já quis dançar.
A capa é do Carca Rah

LANÇAMENTO DA COLEÇÃO LITERATURA DE BUTECO

DIA 14 DE DEZEMBRO

Teatro/bar Cemitério de Automóveis
Rua Frei Caneca, 384 - São Paulo 




#1 – Agora entre iguais Letícia não é mais aquela dark-deprê – Kleber Felix

#2 – Tarde Demais – Kleber Felix

#3 – Fonte do Boi – Bruno Bandido

#4 – 2 anos e 13 dias – Kleber Felix

#5 – Ragtimes, beijos na nuca & buracos no peito –
Edivaldo Ferreira

#6 – Histórias de um guitarrista de rock vol. 1 – Fabio Brum

#7 – Bostumana – Carcarah

#8 – A primeira vez que eu quis dançar – camila f.

#9 – Histórias do velho rock star – Mário Bortolotto

#10 – Viagem ao redor da sala – Lucas Mayor


Pra quem for a fim: kleberfelix_@hotmail.com


quinta-feira, 17 de março de 2016

DE VOLTA A LOUCURA

Faz tempo que eu não faço isso. Faz tempo que eu não sento simplesmente e escrevo sobre “as minhas coisas”. Provavelmente deve ser porque eu ando falando delas excessivamente por aí, tirando bocejos dos meus interlocutores encurralados. É foda. Talvez por que acabei de ler o “ESCREVER PARA NÃO ENLOUQUECER” do Bukowski (foi o Bruno Bandido que me emprestou, mó honra, já que ele tinha acabado de comprar a parada e não ia ler por enquanto e a gente também tinha acabado de trocar uma ideia pessoalmente depois de 6 ou 7 anos de conversas virtuais, desde as prorrogações da era blog até o facebook dos dias atuais). Esse Bukowski, são cartas que ele escreveu entre 1945 e 1993 pra editores, leitores, desafetos e amigos como o seu velho herói John Fante. É esse Bukowski armado até o dentes e também é esse Bukowski desarmado, deixando suas vaidades deslizarem no papel (como o Bortolotto observou numa postagem do facebbok) e também tá ali esse cara que em se tratando de fazer o seu trabalho não fazia concessões e blasfemava com prazer e rancor sobre a literatura benga-mole dos seus contemporâneos e mantinha-se sozinho. Escrevendo. Sem turma. Escrevendo poemas e contos e cartas, muitas cartas. Cartas com sabedorias desse naipe: “... escritores de muito sucesso são como presidentes: ganham o voto porque a multidão enlouquecida reconhece neles algo de si”. O cara que escreveu pra não enlouquecer e morreu afirmando isso: “A escrita me salvou do hospício, do assassinato e do suicídio. Ainda preciso dela. Agora. Amanhã. Até o último suspiro.”


Mas o que eu tava dizendo... É exatamente isso que eu tava dizendo. Noite dessas, eu passei horas batucando as teclas da minha velha Olivetti, como há muito eu não fazia. Lendo o Buk e pensando nesses tempos de blog, quando eu nem tinha computador e passava as noites trancado num quartinho martelando as teclas da Olivetti e no outro dia ia digitar tudo numa lan house e ler o que tipos como o Bruno Bandido e o Bortolotto escreviam, pô, essas coisas às vezes me enchem de lembranças boas de quando tava tudo tão mal. E não são as derrotas em si. São as possibilidades de explora-las com a distância necessária, saca? É claro que hoje a vida é muito melhor e eu não tenho saudade nenhuma daquelas fossas absurdas que faziam meus dedos trabalharem nas teclas em noites frias de solidão regada a conhaque. São essas lembranças envelhecidas em tonéis obscuros em algum lugar da nossa cabeça chapada, vindo à tona. É esse simples levantar o rabo da poltrona e por algum motivo ter essa necessidade de escrever sobre “as minhas coisas” dentro da coisa toda. O Bukowski, o Bandido, o Bortolotto fazem isso de um modo que eu acho bonito. Tô achando que esse ano o inverno vai dar as caras por aqui. Lá fora tá quase frio.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

FALTA


Depois de seis anos juntos, dezesseis testes de farmácia mal sucedidos, uma média de 36 doses de pílula do dia seguinte, dois boletins de ocorrência, um gato atropelado e um dog com leishmaniose e, é claro, mais uma porção de pequenas coisas ruins e ela resolve me deixar. É que ela tava querendo um filho, saca? Ela dizia que faltava alguma coisa, que tava na hora da gente passar pra uma outra fase das nossas vidas. Eu tentava persuadi-la, sou maconheiro, às vezes fico lesadão, não daria certo. Vai ser bom pra gente, ela insistia, um nenezinho. Além da bebida é claro, o que mais me prejudica e me desqualifica pra tal função. A gente tá bem agora, mas falta alguma coisa, com um nenezinho nosso a gente vai ser feliz de verdade. Eu sou escritor, escrevo sobre coisas tristes, coisas quebradas, vendo livro em país de semianalfabeto em tempos de crise. Não posso sustentar um nenezinho e também não pretendo mudar de ramo. Daí ela começou a dizer que eu tinha medo. É claro que eu tenho, porra. Um nenezinho, caralho?! Que eu ia deixar passar essa oportunidade sublime que é gerar um filho. O mundo não é bom, seria um crime contra minha consciência deixar uma coisa dessas acontecer. Que eu ia morrer sozinho. Pra mim isso não era novidade alguma. E que eu era um covardão, que ela não ia ficar com um covardão. Fez as malas e foi embora.

Bem, um bocado magoado, segui minha vida torta, enchendo a cara, transando fumo e putas de procedência duvidosa, angariando encrencas na madruga e escrevendo merda. Nunca mais a vi, parece que ela tá morando no Paraná, Pará ou Paraíba, não tenho certeza. Foi o que ouvi dizer.

Às vezes me pego pensando que ela já deve ter conseguido um nenezinho. Desejo-lhe sorte e toda a felicidade do mundo. Mas às vezes também desejo que ela se foda toda e volte com a cara quebrada, o rabo entre as pernas, um filho nos braços e outro no bucho. Daí eu vou beijar sua boca, abrir a porta aqui de casa e adotar sua prole bastarda, aprender a trocar fraldas e a falar com aquele tom afetado e patético que costuma-se usar com filhotes. Talvez eu até deixe a maconha, a bebida e comece a me dedicar à literatura infantil. Sinto tanto sua falta.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A menina da lanchonete II

...é, eu gosto dessa menina. Cheguei a essa conclusão e mais, nunca vou perguntar seu nome. Não quero saber. Prefiro pensar que talvez seja Carol, Camila, Jéssica... Esses nomes que me fazem pensar em colegiais dentro de jeans estrategicamente rasgados em lugares que acabam com os meus dias. Almas extasiadas transbordando de uniformes brancos, chicles e clichês, sorrisos satânicos que me fazem um bosta com essa sensação de barrado na porta, expulso do bar. Ela caminha de modo a me ofender a alma. Solta os cabelos pra depois prendê-los novamente – e essa sensação de ex-presidiário, ex-escravo, ex-amigo – sua nuca é qualquer coisa sagrada excomungando-me de possíveis paraísos, limbos, purgatórios e afins... sua nuca é algo além do bem e do mal, além de Nietszche. Por Deus, sua nuca é algo que devia ser mantido em sigilo, guardada ao lado de troços nucleares. Essa sensação de que morrer não dói e ela se vira, me encara, quase sorri, vem anotar o meu pedido. Meu mundo em cacos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

MEU SEGUNDO LIVRO (2009)


A vida era boa. Às vezes eu até me achava um grande escritor. Talvez por que as referências na cidade me mostrassem isso. Com meu primeiro livro esgotado e a grana consumida, pensei, pô, vou repetir a dose. Escrevi um projeto pro fundo de cultura que tinha bancado o primeiro livro. Afinal, era um livro de longe melhor que o anterior. Eram esses contos – nem bons, nem ruins – influenciadaços por Bukowski e um pouco de anarquia. Eles me responderam o seguinte:

"...soneto em mim menor para copos e cinzeiros,por não atender aos pressupostos teóricos da Teoria da Literatura e por apresentar linguagem agressiva, pornográfica e que não contém poeticidade foi por essa comissão rejeitado..."


Fiquei puto. Blasfemei contra as instituições família, estado, igreja. Planejei alguns atentados revolucionários à casa do Secretário de Cultura e outros não tão revolucionários assim. 
Pensei em homicídios com requintes de crueldade. Pensei até em processa-los. Por fim só escrevi um texto no meu blog. E um mês depois, descolei um empréstimo no banco e editei o “soneto em mim menor para copos e cinzeiros”. Coloquei a carta de rejeição deles na íntegra, scaneada, escrita a mão, assinada. Consegui com isso um pequeno tumulto, uns desafetos a mais e a pecha de escritor pornô. Achei legal, eu andava me sentindo bem nesse tempo. Às vezes até me achava um grande escritor.

A capa é do Van Jader.

2 CONTOS INÉDITOS NA REVISTA WALKINK IN BIARCLIFF




quinta-feira, 3 de setembro de 2015

5 POEMAS MEUS NA REVISTA MALLARMARGENS

MEU PRIMEIRO LIVRO (2008)



Eu era só um estudante de História sonhando em chutar o rabo do mundo e escrever meu próprio On the road. Ficava ali nas áreas universitárias mangueando fanzines de poesia ruim pra tomar conhaque no buteco da esquina, perdendo tempo e partidas de bilhar. De vez em quando me atracava com alguma maluca que nunca leu Bukowski e tinha umas que frequentavam raves e traziam psicotrópicos na bolsa. Não posso dizer que eu não me divertia e nem deixar de dizer que às vezes me sentia um rato. Mas daí eu me apaixonei. Daí eu me fodi e segui me apaixonando e me fodendo, lambendo as feridas e me apaixonando e me fodendo mais uma vez até que as feridas foderam comigo de modo que não pude mais seguir com aquilo. Talvez por isso os livros do Fante me fazendo sangrar ouvindo Bêbados Habilidosos sozinho em quartos de república enquanto os amigos festejavam na sala. Talvez por isso chutar o rabo do mundo não parecesse mais algo tão difícil assim. Agora eu tinha uma história pra contar.



A capa é do brother Van Jader lá de Dourados. Em 2008, quando terminei o livro (que é claro, tava longe de ser um On the road) escrevi um projeto prum edital da Secretaria de Cultura e a coisa rolou. Eles bancaram 500 cópias do livro. Cheguei pro Jader e mandei a ideia. Dias depois ele me manda o arquivo e vejo que aquele personagem sou eu. Me constranjo um bocado, depois piro na ideia. Quando fui editar meu segundo livro, cheguei pra ele e mandei a ideia. Agora eu me queria bebendo num balcão de bar, no verso, batendo a máquina na solidão do meu quartinho. Depois eu posto aqui.


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Dia 14 (quinta-feira) lanço o meu FANTASMAS NÃO RESPEITAM GEOGRAFIA no Sesc Rio Preto. No palco da lanchonete, às 20h.


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Mudança de data

O lançamento do meu FANTASMAS NÃO RESPEITAM GEOGRAFIA vai ser no dia 22 de Abril, às 20 horas na Livraria Buenas Bookstore que fica no Teatro Cemitério de Automóveis. Rua Frei Caneca, 384.

domingo, 5 de abril de 2015


Foi em 2008 que publiquei meu primeiro livro. Lembro da ansiedade toda, essa sensação de tá fazendo algo grande. Os amigos por perto. A coisa toda. De lá pra cá as coisas foram simplesmente acontecendo. Tranquilas. Quer dizer, a ansiedade toda, a sensação de tá fazendo algo grande, havia dado lugar a algo comum, rotineiro. Criei o selo BAR editora e aprendi (toscamente) todas as etapas de produção de um livro. Segui editando meus trabalhos, inventando festas malucas de Lançamentos onde eu pudesse tomar umas cervejas com os amigos. Sem ansiedade alguma, sem qualquer pretensão de ser ou fazer algo grande. Assim, sete anos se passaram.

E agora tô com esse trampo novo. É o meu décimo livro. E a edição não vai ser da BAR editora. Vai sair pela Editora Kazuá. Então, eu queria agradecer ao pessoal todo, que leu meu livro e tá apostando nele, e ouviu minhas opiniões desde a primeira conversa até o dia em que o arquivo foi pra gráfica. Quero agradecer também a Raquel Wohnrath que revisou o livro com o mó cuidado e todo talento que ela tem pra coisa. Hoje é aniversário dela, daí eu aproveito pra dizer parabéns e constrangido (por estar em público) que amo essa garota. Agradeço o Marcelo Bonilha que fez essa ilustração fudida pra capa. Fez exatamente como eu imaginava quando pedi pra ele. E foi ele quem fez a do meu livro anterior o “Num dá pra apagar os riscos dum disco furado” e eu ainda tô devendo uma grana pra ele por isso. Mas ele sabe que uma hora isso vai acontecer. Quero agradecer o Diego Moraes, poeta fodão que escreveu a orelha sobre o livro. E ele também tá lançando trampo novo, o cara é foda. Agradeço o Bruno Goularte (Bruno Bandido) que escreveu o prefácio (escreveu o do Diego também e do meu primeiro romance, o “Gatos no cio não pedem perdão”). O Bandido saca o meu trampo, acho que é um dos caras que mais saca, porque o que ele escreve é certeiro, é sobre aquelas coisas que só quem lê e se identifica consegue sacar. Agradeço o Ubirathan Do Brasil, meu parceiro e cúmplice, poeta maluco que escreveu a orelha “sobre o autor”, não tinha como ser outra pessoa. O texto de contracapa é da Fernanda Ribeiro de Lima (Fernanda D'Umbra). Queria que ela soubesse o quanto eu sou honrado por ter um texto dela no livro. Por numa noite aqui em Rio Preto ela ter dito “Vamo, lançar seus livro em São Paulo”. E agora eu tô indo pra lá. Daí quero agradecer o Mário Bortolotto que por sua literatura e música é o cara que mais me influenciou (digo sem a menor vergonha). Eu era só um estudante de História desiludido, um carinha no interior do Mato Grosso do Sul escrevendo poesia sobre a revolução. Daí entro num grupo de teatro da universidade que aPaula Zahirah dirigia e ela tá montando o “Fuck you baby” do Mário. Foi foda. A gente até conseguiu levar ele pra lá um ano depois pra trocar uma ideia sobre teatro, literatura, cinema e tudo o que ele faz. Lembro quando caiu na minha mão o “Bagana na chuva”. Foi nesse momento que eu pensei “Pô, é isso que eu quero fazer”. Quero agradecer o Mário, porque tô indo lançar o livro lá no espaço que ele mantém junto com outros Brothers, que é o Teatro Cemitério de Automóveis, e o Tarcisio Buenaso que é o dono da Livraria Buenas Bookstore. que fica no teatro. E o Fabio Brum que todas as vezes que a gente se trombou, falou “Cê tem que vir pra São Paulo, caralho”. Tô indo, pô!

Também quero agradecer meus pais, Irene Felix e Osmar da Costa. Por terem entendido quando eu larguei faculdade e emprego e resolvi que ia fazer as coisas do meu jeito.

Sei lá. Parece que tô sentindo aquelas coisas de novo. A ansiedade toda, a sensação de que tô fazendo algo grande. Talvez por isso tô lembrando dessas coisas agora. Talvez porque tá chovendo lá fora e eu percebo que nunca acreditei em fazer as coisas de outro jeito.

sábado, 4 de abril de 2015

Orelhas do meu FANTASMAS NÃO RESPEITAM GEOGRAFIA


O livro sai pela Editora Kazuá e o Lançamento em São Paulo é dia 9 de Abril, na Livraria Buenas Bookstore. que fica no Teatro Cemitério de Automóveis SP SP, Rua Frei Caneca, 384, às 20h.

“Alguns caras não desistem fácil. Nasceram para beijar a lona muitas vezes antes de conseguir uma dose de conhaque e transar com a garota usando a camiseta do BB King no fundo do bar. Poucos caras na história da literatura renunciaram a coisas que a sociedade considera importantes e seguiram com suas vidas simples apenas com o intuito de escrever e pagar o aluguel do mês. Felini, o protagonista desse romance, assim como Kleber Felix, saca que um dia as coisas estragam, apodrecem feito dente de animal velho. O lance é saber o que fazer com as derrotas. Sacar que os fantasmas, o ressentimento e o ódio também são ótimos escritores e a literatura é o antibiótico para as desilusões da vida, o consolo dos perseguidos e descontentes.”
(Diego Moraes é poeta e contista amazonense, autor dos livros "A fotografia do meu antigo amor dançando tango" e "A solidão é um deus bêbado dando ré num trator".)

"Sentado na mesa com a tragédia, bebericando a dor do dia a dia, falando sobre coisas que não voltam jamais, Kleber Felix é o capanga da literatura blues. Acorda cedo pra regar flores agônicas, percorre em passeio os botequins da cidade com seus romances impressos. Para uns, pura blasfêmia. Para outros, o mais cândido petróleo. Sem oscilar, o hiperativo-preguiçoso está sempre em movimento. Publicou nove livros de sua autoria, entre outros de novos escritores e poetas, pelo seu selo literário independente, a BAR editora. Existem novelas na ponta da sua caneta, poemas imensos e torpes nas teclas da sua máquina de escrever, jazz instrumental em seu silêncio desconhecido. O autor é um pugilista lírico, não foge dos escombros e das joelhadas da vida.
Eis aqui, Kleber Felix, a orquídea negra."
(Ubirathan Do Brasi lé poeta e compositor. Autor dos livros "Haicai na marginal Arthur Nonato" e "Onde foram parar meus guarda-chuvas" - no prelo)



sexta-feira, 3 de abril de 2015

Dia 9 de Abril


Prefácio que o Bruno Bandido escreveu pro meu FANTASMAS NÃO RESPEITAM GEOGRAFIA

 A ilustração da capa é do Marcelo Bonilha e o Projeto Gráfico é do Osvaldo Piva. O Lançamento em São Paulo é dia 9 de Abril na Buenas Bookstore. que fica no Teatro Cemitério de Automóveis SP.

É bacana beber com o Felini

Já faz tempo que eu bebo com o Felini. Ele é um personagem recorrente na bibliografia do Kleber. E tá em uma nova cidade agora, com sua velha máquina de escrever e um fantasma do qual tenta se livrar. Ele ainda escreve. É isso que o Felini é, um escritor. É tudo o que ele tem, é o que o diferencia de um rato, de um mendigo, é o que o torna um filho da puta orgulhoso, circulando entre universitários cults, hippies infinitos e habitantes de pensão. Ele não tem medo das encrencas e chatices que a simples frase “eu sou um escritor” pode causar. É aí que entra o humor e a diversão na literatura de Kleber Felix. Também temos a tristeza, a angústia e as fossas. É claro, isso vem da vida. Por isso é tão bacana beber com o Felini. Ele é um sujeito engraçado e sensível, como eu imagino que o Kleber também deva ser. Só que isso não vem ao caso. O que interessa é que ele tá ainda mais afiado neste novo livro, com um ritmo que mistura sua prosa seca com imagens poéticas e surrealistas, uma gama de personagens elaborados e interessantes (cada um renderia um livro próprio) e grandes sacadas na hora de falar de sexo, de relacionamentos e de uma nova geração que cresceu com Tarantino sendo seu Godard e recebeu sua própria Odisseia (Breaking Bad) de um dos produtores de Arquivo X. Óbvio que algo zoado sairia daí. Kleber saca isso como poucos e, num dos capítulos mais bacanas do livro, revisita Jules Winnfield e Vincent Vega, mas capina tanto sua própria cultura que a violência deixa de ser estilizada para chegar em Travis Bickle.
Mas vamos falar sobre sexo. Ele é um elemento chave desse livro. Felini anseia por bucetas universitárias, bucetas prostitutas, bucetas psicólogas, bucetas amadas, bucetas violentas, bucetas acolhedoras, todo tipo de buceta, tipo a apresentação do bar em Um Drink no Inferno, tão ligados? E enquanto Felini passa por essas trepadas, Kleber apresenta seu show de literatura. Ele não quer nos dar erotismo. Ele quer dissertar filosoficamente sobre o sexo como uma espécie de Henry Miller, ele quer nos dar imagens tacanhas e engraçadas em frases que mais parecem haikais de motel, "Boca, buceta e pau, um meia nove brutal", e ele usa o cinema, "Minha Uma Thurman maconheira, minha Ornella Muti debruçada na janela de um túmulo monumental. Em fade in, meto devagar pra ser eterno e o que é bom dura pouco... slowmotion... blecaute". E não satisfeito, ainda tem a manha de chamar Roger Donaldson pra dirigir a cena. Acontece que sempre que falamos de Felini, entramos em seu poço de sensibilidade – o fantasma o segue pelas trepadas, e elas não deixam de ser uma espécie de fuga e de refúgio. Prestem atenção neste trecho, pois nele aprendemos que uma buceta, para Felini, pode ser sua própria Pasárgada: “Ali dentro sim, é um lugar bom pra se viver, não no mundo. Ali dentro dela não existe miséria nem doença, ninguém morre. Ali dentro dela tem um jardim que tá sempre florido e as flores são bacanas e a lua é linda, os pássaros cantam tão bem e até anjos e deuses que se despregam de cruzes bem podem existir. Ali dentro dela eu era feliz”.
O que acontece é que toda fuga é furada se você não furar sua cabeça. É lá que todos os fantasmas estão. Felini pode ensinar isso sendo ghost-writer de uma puta, voltando pra casa ou se perdendo de todos, criando sua própria cidade fantasma, sua galeria de fracassos que enlouqueceram. Ele já nos ensina isso no próprio título do livro. Mas e daí? Ele é um escritor ou um rato? Por isso é tão bacana beber com o Felini.

Bruno Bandido é escritor e autor do livro Tem um palhaço agressivo e um hooligan triste em algum lugar aqui dentro


domingo, 29 de março de 2015

quarta-feira, 25 de março de 2015

Em primeira mão, um trecho do meu romance FANTASMAS NÃO RESPEITAM GEOGRAFIA. O lançamento será dia 9 de Abril em São Paulo, no Cemitério de Automóveis SP, na sequência faço o lançamento aqui em Rio Preto (data e local a confirmar). O trecho todo pode ser lido na página da Editora Kazuá, é só clicar

http://editorakazua.com.br/autores/kleber-felix/trecho-do-livro-fantasmas-nao-respeitam-geografia-de-kleber-felix/

sexta-feira, 13 de março de 2015

FANTASMAS NÃO RESPEITAM GEOGRAFIA

E o meu romance novo FANTASMAS NÃO RESPEITAM GEOGRAFIA vai sair pela Editora Kazuá. A revisão é da minha companheira de dias e noites, brindes e brigas (amor), Raquel Wohnrath. O prefácio é do Bruno Goularte (Bruno Bandido), o escritor precoce com um hooligan triste e um palhaço agressivo em algum lugar dentro dele. Orelhas do Diego Moraes, o urso pardo lírico do Amazonas e Ubirathan Do Brasil, o poeta ornitorrinco bêbado, meu parceiro de tragos e planos mirabolantes sobre dominarmos o mundo com literatura e outras bobagens. A contracapa é da Fernanda Ribeiro de Lima (Fernanda D’Umbra), a diva do jazz-roqueirona, vocalista de uma das bandas de rock and roll mais legais do país, a Fábrica de Animais. A ilustração da capa é do Marcelo Bonilha, o ciclista de sala de estar, consumidor inveterado de giz-pastel, grafite, carvão e outros troços pigmentáveis.

Segue Llink da matéria de divulgação: