Esse livro da Camila é pra quem
já se fudeu com classe em algum momento lá atrás. Pra quem já teve uns vudus
manipulados em prol de sua desgraça. E talvez por isso fumem demais e bebam
demais e às vezes são acometidos pelo desejo de morrer de forma brutal. É um
livro sobre essa mina que reza e pede em segredo “por um par de estacas no meio
das coxas. Uma coisa meio cristo feminina, meio cool, meio escrota”. Mas que
também se pega sorrindo pros cachorros da rua como se fossem bebês e em algum
momento, enquanto o inferno cai sobre sua cabeça, pensa o quanto seria bacana
comer um x-coração cheio de ervilha com o cara que ela ama, enquanto seus
demônios lhe oferecem uma coroa de espinhos pra coroar seu útero seco e
infrutífero como o lugar mais inóspito do universo. É essa mina assistindo um
filme no Telecine Action quando o babaca liga na madruga gemendo carência. Ela
desliga o telefone e mesmo pensando “baby, quando um filme de zumbi ruim é
muito melhor que sua companhia, tá na hora de cê rever um bando de coisa”,
quando tiver detonada no meio da noite, e o mesmo babaca aparecer, pagar uma
dose, mesmo enojada talvez ainda tenha a mão do sujeito dentro de suas
calcinhas e sinta algum tesão cuspindo e lambendo seu queixo com gosto de
espuma de barbear. Esse livro da Camila é um livro sobre o amor,
consequentemente sobre tristeza “aquele tipo de tristeza que tu sente quando dá
boa-noite pro cara que cê ama e ele não responde”. Um livro pra quem já amou um
dia. Pra quem já quis dançar.
A
capa é do Carca Rah
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