A vida era boa. Às vezes eu até me achava um grande escritor.
Talvez por que as referências na cidade me mostrassem isso. Com meu primeiro
livro esgotado e a grana consumida, pensei, pô, vou repetir a dose. Escrevi um
projeto pro fundo de cultura que tinha bancado o primeiro livro. Afinal, era um
livro de longe melhor que o anterior. Eram esses contos – nem bons, nem ruins –
influenciadaços por Bukowski e um pouco de anarquia. Eles me responderam o seguinte:
"...soneto
em mim menor para copos e cinzeiros,por não atender aos pressupostos teóricos
da Teoria da Literatura e por apresentar linguagem agressiva, pornográfica e
que não contém poeticidade foi por essa comissão rejeitado..."
Fiquei puto. Blasfemei contra as instituições família, estado,
igreja. Planejei alguns atentados revolucionários à casa do Secretário de
Cultura e outros não tão revolucionários assim.
Pensei em homicídios com requintes de crueldade. Pensei até em processa-los. Por fim só escrevi um texto no meu blog. E um mês depois, descolei um empréstimo no banco e editei o “soneto em mim menor para copos e cinzeiros”. Coloquei a carta de rejeição deles na íntegra, scaneada, escrita a mão, assinada. Consegui com isso um pequeno tumulto, uns desafetos a mais e a pecha de escritor pornô. Achei legal, eu andava me sentindo bem nesse tempo. Às vezes até me achava um grande escritor.
Pensei em homicídios com requintes de crueldade. Pensei até em processa-los. Por fim só escrevi um texto no meu blog. E um mês depois, descolei um empréstimo no banco e editei o “soneto em mim menor para copos e cinzeiros”. Coloquei a carta de rejeição deles na íntegra, scaneada, escrita a mão, assinada. Consegui com isso um pequeno tumulto, uns desafetos a mais e a pecha de escritor pornô. Achei legal, eu andava me sentindo bem nesse tempo. Às vezes até me achava um grande escritor.
A capa é do Van Jader.
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