segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Se eu pudesse, vivia bêbado

Quando eu era um garoto e vestia preto, bebia pinga com refrigerante feito um retardado, virava sem dó, acho que pra fugir de uma porrada de supostos fantasmas inventados, vomitava os sacanas pela manhã. E eu tinha medo de cirrose. Puta inocência.
Hoje bebo sem medo, devagar, quase tranqüilo.Não pra fugir, já parei com essas coisas. O negócio é que gosto de ficar bêbado, aquela sensação de que tá tudo bem, saca? As pessoas se tornando mais toleráveis e os dias amanhecendo um pouco mais bonitos e eu durmo tranqüilo depois de escrever um monte de merda que pra mim são importantes pra caralho. Tá certo, às vezes faço algumas merdas por isso e as pessoas se tornam insuportáveis e os velhos supostos fantasmas me chamam pra briga e muitas vezes eu nem consigo vomitar e os dias amanhecem insuportavelmente ensolarados, mas nem sempre é assim, não tem sido assim. Bebo e converso com os amigos ou com meus textos, meu violão desafinado. Tem gente que gosta de fumar maconha, tem gente que cheira ou se pica por aí, pra fugir ou simplesmente pra tolerar os outros e verem os dias nascerem mais bonitos. Uma vida de vícios. Bebo sempre que posso, tento não fazer muita merda. Tem gente que frequenta igrejas ou terreiros e se acham felizes e são abstemias ou só bebem socialmente e tão sempre sorrindo, legal pra elas, desde que não venham julgar meus vícios, eu não julgo os seus. Dizem que Deus dá ordem aos seus anjos pra proteger os bêbados, legal, se for verdade, talvez seja, talvez por isso eu tô tranqüilo, bêbado e longe de encrencas. 

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