Às vezes eu tô de bobeira, ou meio enroscado em algum parágrafo de alguma coisa que eu teja escrevendo, às vezes tô sem bebida e sem porra nenhuma, às vezes eu só quero me divertir um pouco, aí fico escrevendo - sem qualquer tipo de compromisso - umas espécies de diálogos pra dois personagens (são irmãos) meio retardados que criei já tem um bocado de tempo, um é maconheiro, o outro pinguço, um mais caricato que o outro, enfim era pra ser uma peça de teatro, mas nunca rolou, o caso é que me pego de vez enquanto abrindo esse arquivo e escrevendo um pouco por lá, talvez um dia vire mesmo uma peça, um tipo de teatro só pra gente ir ver e tentar rir um pouco e encher a cara depois, nada de mais.
"...1- Merda cara, de hoje não passa.
2- O que? Cê vai tentar se matar de novo?
1- Cala essa boca, quando que eu tentei me matar?
2- Cê tenta toda noite, bebendo essas cachaças bagaceiras, tá loco brother, como cê agüenta? Que você num tem grana pruma Salinas eu tô ligado, mas bebe pelo menos uma Ypióca, o estrago vai ser menor, pode acreditar.
1- Tô falando de buceta, seu cuzão, de hoje num passa, vou pegar uma mulher e comer a buceta dela.
2- Aí, cê sabe como são tratados estupradores na cadeia? Essa sua abstinência sexual vai ter fim, cê vai trepar direto. E pelo reto, se é que cê me entende.
1- Num sei como eu tenho saco pra te aturar, eu num sei, Deus me dotou de muita paciência mesmo e me deu um saco do tamanho do mundo pra suportar meses de porra acumulada e as suas babaquices ainda por cima. Eu tenho cara de estuprador seu babaca? Olha bem pra minha cara e me fala, eu tenho cara de estuprador? Sou católico seu Mané.
2- Então, se num vai estuprar por que sua religião num permite, vai fazer o que? Pagar pruma puta que cê num vai, num tem dinheiro nem pruma pinga decente que dirá pruma puta indecente que seja.
1- Aí, tô perdendo a paciência com você seu merda, se cê abrir essa latrina mais uma vez, caralho, tô avisando, quem avisa amigo é, se cê abrir essa privada suja mais uma vez pra falar mal da minha cachacinha eu te quebro a cara, cê ouviu? Eu te quebro a cara.
2- Ó o cara, tá apelando!
1- Porra bicho, eu já falei mal dessa maconha estragada que cê vive baforando, eu fico pesando na sua quando algum malaco te passa pra trás, te vende merda de vaca e cê fuma, depois ainda vem com aquele discursinho “melhor que nada”, eu falo alguma coisa, me fala? Eu te chamo de mané ou falo que cê devia parar de fumar merda se num tem erva, eu fico falando isso?
2 - Não.
1- Então pra que falar da minha pinga?
2- Que pinga, porra?
1- A minha pinga vagabunda de 25 centavos o copo americano.
2- Ah mano, cê que se vira com seu fígado, problema é seu, eu num tenho nada haver com os seus vícios.
1- Num é o que cê tava falando até agora, num é o que cê vive falando todo santo dia.
2- Eu?
1- Não, eu.
2- Então num sou eu porra, num me envolve nas suas crises existenciais não cara, já tenho uma porrada delas.
1- Num tô falando. É essa porra de maconha estragada.
2- Que nada, tenho essas crises desde que me conheço por gente, desde que descobri que num sirvo pra nada, cê sabe disso, cê lembra que quando eu era moleque num sabia fazer pipa, jogar bolinha de gude, futebol então, era uma negação, sempre fui o ultimo a ser escolhido no time da educação física, isso quando num colocavam um moleque manco no meu lugar, ele tinha uma perna 6 centímetros maior que a outra, ou era menor, sei lá, num lembro. Por que que tô falando isso mesmo?... ah só, o lance das crises existenciais né? Cada um com as suas, porra já sou mó complexado, teve uma vez que...
1- Chega dessa porra, a gente tava falando de buceta, fuder, lembra?
2- Que buceta? Que fuder? A gente tava falando de soltar pipa, bolinha de gude, futebol, da impossibilidade diante da falta de habilidade.
1- Mano, esquece essa porra. Vou descolar uma buceta hoje, de hoje num passa.
2- Ai ai, é pra rir? Essa é nova? Você conseguir uma buceta? Deixa só eu te esclarecer um fato, é o seguinte: sabe qual o tratamento que costumam dispensar a estupradores na cadeia?
1-Aí meu saco.
2- Seu saco? Cê devia é tá preocupado com o seu rabo, se for mesmo fazer uma bosta dessa, tem que se ligar irmão, as minas não são mais como antigamente não, hoje elas são tudo feministas, tem uma mulher aí uma tal de Maria da Penha que encabeça o movimento dessas feministas, dizem que a mulher é o capeta, tá transformando todas em lésbicas marombeiras, ensinando técnicas de guerrilha e o caralho, é capaz de cê ainda tomar um pau da vítima e nem conseguir encostar no bico da teta.
1- Cala essa boca, seu otário, já falei que sou católico, igual o Kerouac.
2- Cê é católico? Nunca te vi indo na missa. Ai ai ai, mais essa agora.
1- Mano, antes que eu perca a paciência, deixa eu te esclarecer o motivo da minha tão inusitada visita, ou cê acha que eu gosto de vir aqui escutar as suas borrachas?
2- Ó o cara.
1- Cê sabe onde a Marcinha tá morando?
2- Ué, ela mudou?
1- Caralho, cê que falou que semana passada ajudou ela com a mudança.
2- Ah pode crer, ela mudou mesmo.
1- Pra onde?
2- Pruma kitnet.
1- Só, onde?
2- Eu é que sei, porra.
1- Caralho.
2- Mas aí, que cê quer com ela?
1- O que eu pudia querer?
2- Sei lá.
1- O seu Mané, me fala uma coisa, quando cê tá na seca, quando nenhuma mina cai nas suas conversas chapadas de maconheiro babaca, que cê faz?
2- Ah mano, eu fumo um e relaxo.
1- Isso cê faz o dia inteiro, porra, tô querendo saber o que cê faz além de fumar mais um.
2- Bato uma punheta.
1- E se num resolver?
2- Aí seu pervertido, tô ligado onde cê tá querendo chegar.
1- Até que enfim.
2- Mas eu num sou desse tipo não tá ligado, prefiro passar a vida inteira na punheta do que fazer esse tipo de merda, aí cê tá ligado como são tratados estupradores no xadrez? Vou te esclarecer...
1- Vai pra puta que te pariu. (sai)
2- O Mané, num esquece que a gente é irmão, filhos da mesma mãe..."
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