sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Pobre Fusca

A merda do toque do telefone fodendo com o meu sono pós-foda. Insistente, o filho da puta. Apertei o verde e disse alô. Era Gisele, apalpei o colchão vazio do meu lado, ela tava ali há pouco, tinha me dado a cavalgada mais maravilhosa do mundo, gozou mais que eu e dormiu antes de mim. Que merda ela tava fazendo no telefone?
- Felini... aconteceu uma coisa.
- Tô percebendo. – Nossa vida era cheia de acontecimentos, quer dizer, Gisele sempre aprontava alguma.
- Eu acordei e não tinha cigarro, daí fui comprar... aconteceu uma coisa horrível! – imaginei as piores desgraças possíveis.
- Que merda aconteceu dessa vez?
- Seu carro. – ela tava se referindo ao meu fusca 71 verde abacate que tinha acabado de comprar por mil e quinhentos conto, fruto dum mês de trabalho quase escravo numa livraria e das minhas próprias vendas dos meu próprios livros em bares ao qual não pertenço, a maior coisa que já conquistei nesses meus quase trinta anos de vida.
- Que que tem meu fusca?
- Eu bati ele.
Era uma desgraça maior do que todas as que eu consegui imaginar. Uma sensação estranha de quase choro.
- Desculpa...
- Estragou muito? – foi só o que consegui perguntar.
- Quase tudo. – ela sentenciou.
- Onde cê tá?
- No hospital.

Pobre fusca. 

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